|Resenha| O Oceano No Fim Do Caminho - As Experiências De Infância

Título: O oceano no fim do caminho

Título original: The ocean at the lake of the lane

Autor: Neil Gaiman

Ano de publicação: 2013

Editora: Intrínseca

Páginas: 208

Lançamento desta edição: 2013

"O Oceano no Fim do Caminho - Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino. Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano."

Hoje teremos a crítica de "o oceano no fim do caminho" do renomado Neil Gaiman. Sim, o mesmo escritor de deuses americanos e da aclamada série de quadrinhos Sandman. Sou um pouco suspeito em falar sobre esse livro, já que acompanho o trabalho do escritor há algum tempo, e posso dizer que atualmente ele é um dos melhores.

Um livro de escrita simples e cativante, onde você acompanha um homem de meia idade que volta para a sua cidade natal e percebe a quanto tempo não pensava sobre sua infância. Ao seguir para a sua velha casa, lembra-se de que ao fim da estrada, morava a sua única amiga de infância. Chegando lá, senta-se próximo ao lago que fica aos fundos da casa e acaba perdido nas suas próprias lembranças daquela época.

Em meio a essas lembranças é onde você acompanha uma criança e seu universo particular, onde nenhum adulto entende ou conhece. Todos lembram saudosamente deste tempo tão bom.

Tem uma frase de Maurice Sendak para a revista The New Yorker ao começo do livro que resume muito bem os acontecidos deste livro:

Eu me lembro perfeitamente da minha infância... Eu sabia de coisas terríveis. Mas tinha consciência de que não deveria deixar que os adultos descobrissem que eu sabia. Eles ficariam horrorizados.

 

Em meio as lembranças do personagem principal, os leitores são apresentados aos melhores personagens do livro (em minha opinião), a família Hempstock e ao oceano no fim do caminho:

Era apenas um lago de patos, nos fundos da fazenda. Nada muito grande.Lettie Hempstock dizia que era um oceano, mas eu sabia que isso não fazia o menor sentido. Lettie falou que elas haviam atravessado o oceano até ali, vindas da velha pátria.

Este livro acaba sendo lido em um tom saudosista, já que remete à nossa própria infância. Não é um livro obscuro ou de terror propriamente dito, mas sim uma bela história, onde a fantasia toma conta e os acontecimentos cotidianos e o universo próprio das crianças se entrelaçam nesta excelente trama.

Vou dizer uma coisa importante para você. Os adultos também não se parecem com adultos por dentro. Por fora, são grandes e desatenciosos e sempre sabem o que estão fazendo. Por dentro, eles se parecem com o que sempre foram. Com o que eram quando tinham a sua idade. A verdade é que não existem adultos. Nenhum, no mundo inteirinho.

Nota: