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|Resenha| O pacto/Amaldiçoado - Vivendo Em Um Inferno

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Título: O pacto / Amaldiçoado
Título original: Horns
Autor: Joe Hill
Ano de publicação: 2010
Editora: Arqueiro (Sextante)
Páginas: 320
Lançamento desta edição: 2012

"Ignatius Perrish sempre foi um homem bom. Tinha uma família unida e privilegiada, um irmão que era seu grande companheiro, um amigo inseparável e, muito cedo, conheceu Merrin, o amor de sua vida. Até que uma tragédia põe fim a toda essa felicidade: Merrin é estuprada e morta e ele passa a ser o principal suspeito. Embora não haja evidências que o incriminem, também não há nada que prove sua inocência. Todos na cidade acreditam que ele é um monstro. Um ano depois, Ig acorda de uma bebedeira com uma dor de cabeça infernal e chifres crescendo em suas têmporas. Descobre também algo assustador: ao vê-lo, as pessoas não reagem com espanto e horror, como seria de esperar. Em vez disso, entram numa espécie de transe e revelam seus pecados mais inconfessáveis."

Começo falando de antemão de que o livro foi publicado originalmente aqui no Brasil com o nome de "O pacto", e que por algum motivo que ainda não entendo direito (acredito que por causa da adaptação cinematográfica que recebeu o nome de "amaldiçoado" por haver n filmes com o nome de "o pacto”). De qualquer forma, prefiro o título original em inglês que pode ser literalmente traduzido apenas como "chifres", este nome mostra qual será o foco da trama, enquanto os outros dois retratam algo que não é bem envolvido com a história (quem leu tire suas próprias conclusões sobre isso... hehe)
     Nesse livro você acompanha a saga de Ignatius Perrish (Ig), um cara que está sendo acusado pelo assassinato de sua namorada Merrin. Sem ter como provar sua inocência, Ig em certa manhã acorda e nota ao olhar no espelho, a presença de chifres crescendo em sua cabeça. Ao tentar entender o que está ocorrendo, Ig acaba descobrindo que as pessoas que olham para os chifres entram em algum tipo de transe e acabam por falar somente verdades para ele (mesmo que elas não sejam nada convenientes, as vezes), além de ficarem de certa forma altamente sugestionáveis. Esses utensílios acabam sendo úteis e fazem o personagem ir em busca do que aconteceu no dia do assassinato de sua namorada.
     Bom, toda essa parte acontece nas primeiras páginas, extremamente direto ao ponto, o leitor é introduzido neste mistério do porquê dos chifres; quais suas utilidades; e afinal quem matou Merrin.

A alma não pode ser destruída. A alma é eterna. Como o número pi, ela não tem fim nem conclusão. Como o pi, ela é uma constante. Pi é um número irracional, impossível de ser fracionado. A alma também é uma equação irracional e indivisível que expressa perfeitamente uma coisa: você. A alma não teria nenhum valor para o Diabo se pudesse ser destruída. E não está perdida quando sob os cuidados de Satanás, como dizem por aí. Ele sempre sabe como encontrá-la.

     Joe Hill é um excelente escritor, já tive a oportunidade de ler outros dois livros dele (a estrada da noite e nosferatu - ambos sem resenha por enquanto) e posso dizer que a cada livro ele vem melhorando mais e mais na escrita, na trama que está bem elaborada, nos personagens marcantes e na capacidade de chegar aonde quer na história com facilidade, sem enrolação. Esse último ponto é uma grande diferença entre ele e o pai dele (Stephen King). Todos que já leram Stephen King sabem bem que em geral você terá personagens extremamente marcantes, boa história e tudo mais, mas ele fará tudo isso de uma maneira lenta, não tão direta, te ganhando nas descrições, divagações e diálogos que as vezes parecem não contribuir para a história diretamente, mas que acabam marcando seus personagens para sempre em nossas vida (de primeira, sem pensar muito, consigo citar diversos personagens marcantes do King: Roland, Pennywise, Barlow, Christine, Danny e Randall Fragg).
     Voltando à resenha, posso dizer que li este livro e senti nele um tom depressivo vindo do personagem principal que foi acusado injustamente de matar a pessoa que amava, das lembranças de Merrin que é descrita quase como um anjo na Terra e por saber o que realmente as pessoas pensam dele (devido aos chifres).

Sim, Ignatius Perrish foi interpretado pelo
Daniel Radcliffe.

     Além desse clima, temos também o humor ácido do Joe Hill, que já tinha dado as caras em seu romance de estreia (a estrada da noite) e diversas divagações de Ig super afiadas, mexendo com certos dogmas e temas bem polêmicos.

Muitas pessoas choraram por Jesus em Sua cruz. Como se ninguém mais tivesse sofrido o que Ele sofreu. Como se milhões não tivessem morrido de formas piores, sem serem lembrados.

     Uma atenção especial ao capítulo intitulado "cereja" que sem sombra de dúvidas é um dos melhores do livro, onde o Ig ainda criança entra em um desafio para ganhar uma das cerejas (bombinha bem forte, tipo umas utilizadas no ano novo).
     Para mim esse livro ele tem um desfecho muito bom, sempre que lembro sinto que o final é como deveria ser. Não há nada forçado. Não leia esperando uma história de terror crua, você terá bem mais que isso, terá uma história de amor entre Ig e Merrin, a nossa natureza hipocrisia (o mal que guardamos conosco) e com certo humor Joe Hill acaba mexendo com certos dogmas e levantando certos questionamentos bem pessoais.

Agora vejo Deus como um escritor de livros populares sem imaginação, alguém que constrói histórias de enredos sádicos e sem graça ... o autor não merece seus próprios personagens. O Diabo é acima de tudo um crítico literário, que atira esse impostor sem talento à retaliação pública que Ele merece.

Nota:

4 comentários:

  1. Gostei da resenha e do livro, mas não vi o filme ainda. =)

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    1. Obrigado. Eu também não vi ainda.
      Mas acredito que o livro será melhor, o humor ácido do Joe Hill sempre me surpreende.

      ;)

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  2. Adorei o jeito que você descreveu o livro! Eu tenho dois livros do Joe: A estrada da noite e Nosferatu (mas ainda não li) e depois de ler sua resenha me arrependi de não ter colocado esse no carrinho também!Rsrs
    Eu vi o trailer e gostei bastante, mas agora quero ler o livro antes. =D
    Tô adorando seu blog e curti muito o gênero que você lê...

    Abraços!

    http://www.lendo1bomlivro.com.br/
    Instagram: @lendo1bomlivro

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    1. Oi, Day e Leo
      Eu tenho os três livros dele, o que eu mais gostei (ainda não fiz uma resenha) foi o nosferatu, por ter uma trama muito boa, muita ação e o humor ácido do Joe Hill. Recomendo.

      Abraço

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