|Resenha| Guerra Dos Mundos - Com Tripods Trouxeram O Caos

Título: Guerra dos mundos

Título original: The war of the worlds

Autor: H. G. Wells

Ano de publicação: 1897

Editora:  Suma das letras

Páginas: 320

Lançamento desta edição: 2016

“Edição especial com ilustrações, tradução revisada e extras. Eles vieram do espaço. Eles vieram de Marte. Com tripés biomecânicos gigantes, querem conquistar a Terra e manter os humanos como escravos. Nenhuma tecnologia terrestre parece ser capaz de conter a expansão do terror pelo planeta. É o começo da guerra mais importante da história. Como a humanidade poderá resistir à investida de um potencial bélico tão superior?”

 Este é um clássico da ficção científica, escrito por H. G. Wells, onde é retratado o ataque de seres de marte ao planeta Terra, mais especificamente em Londres. Sim, toda a história se passa no final do século XIX e é ambientada nessa época e na minha opinião isso é excelente, pois você nota o quanto este escritor estava a frente de sua época.

Nos últimos anos do século XIX, ninguém teria acreditado que este mundo estava a ser aguda e estreitamente observado por seres mais inteligentes do que o homem e, no entanto, tão mortais como ele; que, enquanto se ocupavam com os seus múltiplos problemas, os homens eram examinados tão pormenorizadamente como o são, sob a lente do microscópio, as criaturas efémeras que abundam e se multiplicam numa gota de água.

É uma trama que tira o ser humano do centro da criação, descartando nossa convicção de que somos especiais perante a criação divina e mostrando que os marcianos nos enxergam como nós enxergamos aos macacos, mostrando assim a superioridade desta raça. Seres dotados de uma inteligência superior, lançam cerca de dez cilindros (com cerca de trinta metros de diâmetro cada) em uma cidade nos arredores da grande Londres. Seres que dominam uma tecnologia muito superior e incompreensível para as nossas mentes, espalham o caos e começam a sua dominação, quase sem obstáculos.

Acredito que neste livro esteja uma das melhores e mais cuidadosas descrições de extraterrestres que eu já tenha visto, seres com dois pares de oito tentáculos, uma enorme cabeça sem corpo, com a textura da pele parecendo couro molhado e dotados de um ouvido atrás do imenso crânio. O maior exemplo da superioridade tecnológica e intelectual estão na construção, por parte deles, de suas máquinas de combate: Os tripods.

Os tripods são uma espécie de robôs gigantes que possuem muitos tentáculos mas apenas três pernas de mais de 30 m de altura, munidos de um raio mortal de calor e de uma caixa onde guardam alguns humanos (que servirão de alimento aos marcianos). Lembro de uma parte que me chamou grande atenção no livro, onde o personagem principal vê a construção dessas máquinas e compara a compreensão do ser humano sobre a máquina como a de um cavalo ao avistar um trem. Em algum momento nessa descrição da construção de um tripod, é dado ênfase que em nenhum dos aparatos alienígenas você via nada parecido com rodas. Mostrando mais uma vez a superioridade destas criaturas, já que os humanos até hoje se vangloriam pela invenção de tal artefato (para eles isso já é obsoleto). A tecnologia por trás das pernas dos tripods, que possuem movimentos tão orgânicos, para mim é uma descrição de um músculo. Isso pra mim foi genial! Quem no final do século XIX e começo do século XX pensaria em músculos artificiais. Wells é bem cuidadoso com as descrições bem detalhadas sobre os marcianos, os tripods e do planeta onde vieram, fazendo desse livro uma ótima ficção científica.

Uma das imagens contida nesta edição do livro

A história te traz a destruição, te leva à guerra.

A maneira que Wells relata a história, parece que ele está te contando algo verídico, que aconteceu recentemente. Tanto que tem um fato bem interessante mostrado nos extras desta edição do livro. Uma entrevista que conta que uma vez esta foi lida em uma rádio nos Estados Unidos e o povo, de certa forma, acreditou nos relatos e começou a ligar para a rádio para saber como poderiam combater os invasores hostis. Algo bem surreal para a nossa época.

Essa edição da Suma está muito bonita, pois possui capa dura com cores vivas, além de ser uma edição ilustrada (cada ilustração melhor do que a outra, como notaram na ilustração acima) mas tem um ponto negativo, pois este livro vem com um prefácio, onde alguns estudiosos analisam a obra e eu posso dizer que até esse ponto é muito interessante, mas esse pedaço deveria ser na verdade um posfácio, pois vem repleto de spoilers e isso é o torna bem chato. Então a dica é: Vá direto à história, leia todo o livro e depois veja o prefácio e a entrevista final, assim aproveitará mais da história.

Tirando isso, posso dizer que este livro é uma leitura rápida que vai satisfazer qualquer fã de uma boa ficção científica.

Nota: