Kings And Queens Of Fantasy - Ray Bradbury

Olá leitores assíduos...

Hoje estreia a coluna Kings and Queens of Fantasy (KQF) onde contarei um pouco sobre as celebridades e lendas que temos na literatura fantástica (permeará também a ficção científica e o terror), onde recomendarei obras de autores consagrados que eu já tiver lido e compartilharei um pouco das experiências literárias com cada um deles.

Começarei com um excelente romancista e uma das mentes mais imaginativas do século XX, ele que possui diversos contos e um dos livros de crônicas que eu mais admiro. O Kings and Queens of Fantasy de hoje será sobre Ray Bradbury (1920 -2012).

Ele é muito conhecido por uma obra que ainda não tive a oportunidade de ler: Fahrenheit 451, precursora em distopias e ficções especulativas e até onde li, mesmo o escritor não possuindo ensino superior, é um dos clássicos da ficção científica.

 

Ray era um grande amigo de Walt Disney

A carreira de Bradbury se estende por uma longa data, geralmente publicando contos e pequenas crônicas. Seu trabalho ganhou notoriedade com o lançamento do livro Crônicas Marcianas, em meados de 1950, onde a partir de contos já publicados e histórias inéditas ele conecta uma bela trama. Este não foi o meu primeiro contato com o escritor, mas é um dos que eu carrego com carinho na minha memória.

De forma um tanto cômica e um tanto trágica, Ray nos joga em Marte, narrando os primeiros contatos com a civilização que lá reside. Os primeiros contatos são estranhos e te deixam bem curioso sobre o que está acontecendo lá, mas aos poucos você se dá conta da ação do homem nesse meio e a devastação e poluição de um local que era lindo e pacífico. A desapropriação marciana e toda a tentativa do homem de residir no planeta vermelho vêm do fato de que a Terra já não ser habitável. De forma profética e um tanto triste, Bradbury mostra um pouquinho da natureza humana, aquela mesma que joga lixo no chão, polui rios e nascentes e que pensa na exploração e no dinheiro.

Combinaram religião, arte e ciência, pois, na verdade, a ciência não é mais do que a investigação de um milagre inexplicável e a arte – a interpretação deste milagre.

 

Sem querer revelar muito da trama que é simples e divertida, ele ainda mostra outra característica da nossa natureza, aquela que faz nós aprendermos com os erros e evoluirmos para seres melhores. Não tem como não se encantar com essas crônicas, pois é um livro super curtinho que vale muito a pena.

Outro livro muito bom (esse sim foi o meu primeiro contato) foi o Licor de Dente de Leão, uma leitura muito agradável que te remete à infância, trazendo muito da nostalgia e da inocência de cada um. Em minha opinião é um livro atemporal, leitura obrigatória para todas as idades. Ray nos brinda de maneira impossível, transcrevendo cada sentimento em palavra, trazendo todas essas imagens de uma forma muito única para cada leitor. Este livro, originalmente escrito em 1957, foi trazido aos nossos cuidados pela Bertrand Brasil.

Na história acompanhamos Douglas Spaulding, de doze anos, em sua cidadezinha, junto a personagens inimagináveis, como o inventor que construiu a máquina da felicidade, o jovem repórter que se apaixona por uma idosa de 95 anos, o contador de histórias que conseguiu falar com o passado telefonando para um lugar distante e, é claro, o verão que pode ser degustado, todos os dias do inverno, dentro desta deliciosa bebida que dá nome ao livro. Em cada gota da garrafa um pouco do mais genuíno verão e todas as suas alegrias.

– Bem – disse Douglas –, vamos conversar sobre algo.

– Sobre o quê?

– Meu Deus, se você vai embora, temos 1 milhão de coisas para falar! Todas as coisas de que falaríamos no mês que vem e no outro mês! Louva-a-deus, zepelins, acrobatas, engolidores de espada!

Apenas por curiosidade, em 2012 quando o robô da NASA, Curiosity, aterrissou em Marte e começou a explorar e nos enviar imagens, o local de pouso no planeta vermelho foi nomeado de Bradbury Landing, como uma homenagem ao autor.

O escritor ainda possui outras obras como Uma Sombra Passou por Aqui e algumas coletânias de contos. Acredito que se todas as próximas gerações da literatura fantástica utilizarem Ray Bradbury como um dos pilares, estaremos em terras muito férteis, prontos para colher excelentes frutos.

  

Esse foi o KQF e eu espero que tenham gostado e que parem para ler, nem que seja apenas um conto deste excelente autor. Realmente é uma leitura bem prazerosa.

* desenho feito pelo Designer Lou Romano. The incredibles.