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|Resenha| Tropas Estelares - Sobre A Filosofia E A Ética

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Título: Tropas estelares
Título original: Starship troopers
Autor: Robert Anson Heinlein
Ano de publicação: 1959
Editora: Aleph
Páginas: 364
Lançamento desta edição: 2015

"Alistar-se no Exército foi a primeira – e talvez a última – escolha livre que Juan Rico pôde tomar ao sair da adolescência. Apesar do árduo e rigoroso treinamento pelo qual é obrigado a passar, o perseverante recruta está determinado a tornar-se um capitão de tropas. No acampamento militar, ele aprenderá a ser um soldado. Mas apenas ao final de seu treinamento, quando, enfim, a guerra chegar (e ela sempre chega), Rico saberá por que se tornou um."

Tropas estelares é um livro de ficção científica escrito pelo Heinlein em 1959. Na narrativa você acompanha a história de Juan Johnny Rico, um jovem que se alista no exército para participar da infantaria móvel. Na realidade não é bem a primeira escolha que ele fez, mas devido à sua desqualificação para exercer as outras atividades, ele acaba ficando com a última opção mesmo.

A ideia inicial do protagonista é ficar apenas o período de dois anos no exército, que é o tempo mínimo exigido para se ter o direito de votar. Sim, o direito ao voto é algo exclusivo de quem presta o período dos dois anos, pois o livro se passa em um futuro distante e a sociedade século XX colapsou e conseguiu se reerguer graças aos militares. Interessante é que mais pra frente, no livro há uma breve explanação de porque que esse sistema de voto funciona perante aos diferentes sistemas de eleições do nosso século.

Diferente do que a obra cinematográfica sugere, o livro não foca nas batalhas da raça humana com os insectóides, mortes e muita ação, mas sim, conta um relato de um soldado e a evolução dele dentro das forças armadas. Você se vê dentro de toda a ideologia militar, acompanhando todo o treinamento de guerra (muito bem descrito), as lembranças de Johnny das aulas de ética e filosofia do moral que sempre trazem temas e reflexões que até hoje são muito válidas:

Os desordeiros mirins que vagavam pelas ruas eram sintomas de uma doença maior; seus cidadãos (todos eles eram considerados como tais) glorificavam a tal mitologia dos "direitos"... e perderam de vista os deveres. Nenhuma nação, assim constituída, pode perdurar.

Achei bem curioso a presença de todas essas reflexões em meio ao livro, elas não fazem você avançar na história mas te levam a entender e adentrar ainda mais no universo apresentado por Heinlein. Tudo é tão bem descrito que você compra a ideia do livro quase que instantaneamente.

No começo e mais próximo da metade do livro, somos apresentados aos trajes de combate. Os trajes utilizados pelos soldados da infantaria móvel são muito interessantes e extremamente ricos em detalhes, eles aumentam a força de cada soldado, velocidade e são extremamente equipados com diferentes armas, que variam desde lança-chamas até bombas H. Na minha imaginação e de acordo com a descrição do autor, o traje é algo parecido com o apresentado no filme "no limite do amanhã" estrelado pelo Tom Cruise.

Traje utilizado no filme "no
limite do amanhã

Atualmente esse tipo de traje (exoesqueleto) aparece direto em filmes de ação/ficção. Mas se pensar que o livro foi escrito em 1959, veremos que Heinlein tinha grande criatividade e originalidade.

Outro ponto alto do livro foram os insectóides, descritos como uma raça de seres parecidos com aranhas gigantes. Em princípio essa raça irá lhe parece um tanto estranha (pra mim pareceu), mas conforme avança na trama, você será surpreendido com uma sociedade que possui uma hierarquia e um sistema de batalha único.

Hq de tropas estelares lançada
pela Darkhorse Comics

O porquê da guerra entre insetos e humanos, pra mim não ficou muito claro, mas isso deve ocorrer pois você acompanha tudo o que está ocorrendo na visão de um soldado, que conforme é dito no livro, tem que executar as tarefas, enquanto o estado se encarrega dos porquês. 

Heinlein descreve o universo criado de maneira coesa e muito convincente e a leitura me agradou muito.

Não leia esse livro esperando um livro repleto de ação, pois irá se decepcionar, pois as partes das batalhas mesmo são poucas, mas todas são muito boas e valem a pena.

Sem dúvidas Robert Heinlein é um excelente escritor e muito do que ele escreveu em seus livros serviram de pilares para a ficção científica moderna. Assim como Asimov ele é um dos pais da ficção como ela é hoje.

Tropas estelares possui um filme (e algumas sequências de baixo orçamento), além de uma animação e uma série de hqs lançadas pela darkhorse.

Não existem armas perigosas; existem homens perigosos.


Nota: 

6 comentários:

  1. Parece interessante. Um livro bem distante da minha zono de conforto, mas as vezes é bom ler livros assim

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  2. Fiquei muito surpresa com a vestimenta... Adoro quando um autor tem uma ideia que continua sendo usada muitos e muitos anos depois. Coisa de visionário mesmo.
    A Aleph tem despertado meu interesse com ficção científica por conta das suas edições lindas hahaha. Esse eu só tinha visto a capa, não sabia muito sobre a história, mas curti :D

    ourbravenewblog.weebly.com

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  3. Não sou fã desse tipo de livro, mas gostei muito da sua resenha.
    Adorei os quotes que você usou para a resenha. E gosto dessa ideia de algo que já vimos em um filme ou série nos remete a alguma coisa do livro :)
    Segue o blog de volta pelo GFC ? http://www.horadaleituraa.com.br/

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  4. Oláá!
    Gostei muito da sua resenha, e a premissa desse livro me chamou muito atenção. Não costuma ser meu tipo de livro, mas acho que vou tentar hahah
    um beeeeijo♥
    Paloma
    surewehaveablog.com.br

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  5. Oláá Rafa
    Não conhecia, mas já tô mega curiosa, pela sua resenha parece valer muito a pena!!!!
    Bjoos

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  6. Parece ser um livro maravilhoso, nada do que estou acostumada, mas quem sabe uma leitura desafiante?

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